Há alguns anos temos experimentado, com resultados positivos, a iniciação das crianças nos movimentos que antecedem ao ensino da escrita propriamente dita. Sabemos que o desenho livre, as brincadeiras, a pintura, a modelagem com argila, as construções com madeira, a tecelagem e outros tantos fazeres próprios desse período de desenvolvimento, têm relação direta com o processo de amadurecimento sensível e cognitivo das crianças.
Ao se aproximar, por volta dos quatro anos, a necessidade que brota espontaneamente delas de escrever seu próprio nome, pensamos em alguns exercícios que possibilitassem diferentes movimentos, envolvendo a aprendizagem motora fina própria da escrita.
Refletindo sempre sobre a qualidade do material que devemos dispor para as crianças, pensamos em fortalecer o contato delas com um desenho que fizesse parte das matrizes da nossa cultura e tivesse um valor estético. Encontramos nos desenhos das cestarias, da cerâmica e das pinturas corporais dos nossos índios, um rico material, que além de nos inspirar a produzir estas pranchas nos levou ao reconhecimento da importância de estarmos atentos à beleza dessa arte que brota do contato do homem com a natureza.
Este material teve sua pesquisa e realização iniciada em 1976 e utilizada a partir da década de 1980 com crianças das faixas etárias entre quatro e sete anos. Considerando os resultados de sua aplicação além da Casa Redonda, em diferentes graus de escolaridade e em organizações que lidam com alunos de escolas públicas, resolvemos disponibilizar este material para ser usado por qualquer professor que se identifique com a proposta e possa fazer um uso criativo e adequado ao seu grupo de alunos, acrescentado suas descobertas e experiências.
No momento em que estamos em nosso país, ocupados com a melhoria do ensino, nos sentimos parceiros daqueles profissionais da educação que estão prontos para dar à infância brasileira o que de melhor se possa. Este material é fruto do professor observador, que pesquisa, que propõe e cria novas maneiras de desenvolver aprendizagens com sentido, cumprindo a tarefa de socializar o conhecimento resultante de experiências efetivas.
A ausência de um pensar educação, focando na riqueza e diversidade de nossas matrizes culturais - indígena, africana, europeia e oriental - tem nos empenhado, como professores, a trazer esta reflexão para o cotidiano, buscando descobrir meios de introduzir esse conhecimento e reconhecimento no repensar das práticas com qualidade.
Aos nossos índios agradecemos a qualidade de sua arte, grande inspiradora deste trabalho.
Para conhecer e utilizar os Caminhos clique nas imagens abaixo.
Este material se dirige as crianças a partir de quatro anos, podendo o seu uso ser melhor especificado pela pessoa que esta em contato mais direto com a criança que ira utilizá-lo.
Seu objetivo e possibilitar a criança o uso do lápis, estabelecendo sempre o movimento de "ligar" dois ou mais pontos através do traçado de linhas, vertical, horizontal e diagonal.
No ato de estabelecer a ligação entre os pontos, a criança estará coordenando o movimento olho x mão, utilizando-se de sua observação para descobrir as atividades que estão em cada página.
A execução dessas atividades deverá ser flexível, permitindo que a criança dentro do seu ritmo pessoal vá desenvolvendo gradativamente os exercícios. Cada página é um desafio para a criança. A observação cuidadosa, a "leitura" de cada página devera ser feita pela criança antes de iniciar a atividade para que ela descubra qual a proposta que o exercício esta lhe fazendo.
Assim teremos uma variação no uso que cada criança fara de cada página.
Uma vez terminadas todas as atividades, cada pagina poderá vir a ser utilizada de novas maneiras através da pintura, do desenho, do recorte, da colagem, etc.
A escolha desses usos deverá sempre ficar a critério da criança que terminou de utilizá-la.